Teu cheiro amarfanho durante toda a cidade
e nos dentes postos sobre a mesa
como um escapulário tua lascívia eu pressinto.
Nem a lua nem teus olhos certamente me salvarão deste teu cheiro espesso.
Eu cresci nestas estranhas paragens sem estrelas entre bichos e flores
como se não fossem cobertos pela escuridão.
Apenas arfava um golpe entre o vazio de mim
e a captura de insetos do inferno em teus cabelos.
Em inquietude, me preparo para a dor.

Nelson Magalhães Filho


"Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos

do mundo."
( Fernando Pessoa: Tabacaria)




Realizar trabalhos de arte a base das experiências existenciais, como transpor as imensidões dolorosas das noites urinadas. Fingir figuras concebidas do desejo e da amargura. Instigações obscurecidas pela lua. Não acretido na pintura agradável. Há algum tempo meu trabalho é como um lugar em que não se pode viver. Uma pintura inóspita e ao mesmo tempo infectada de frinchas para deixar passar as forças e os ratos. Cada vez mais ermo, vou minando a mesma terra carregada de rastros e indícios ásperos dentro de mim, para que as imagens sejam vislumbradas não apenas como um invólucro remoto de tristezas, mas também como excrementos de nosso tempo. Voltar a ser criança ou para um hospital psiquiátrico, tanto faz se meu estômago dói. Ainda não matem os porcos. A pintura precisa estar escarpada no ponto mais afastado desse curral sinistro.
Nelson Magalhães Filho

sexta-feira, outubro 31, 2008

B.B. KING

quarta-feira, outubro 22, 2008

Nelson Magalhães Filho. ANJOS SOBRE O RECÔNCAVO 2008, acrílica s/tela, 80X70 cm

não sei se fui sempre corrompido
para ter afeição pelos teus olhos enluarados
pelos teus velhos poemas que falavam de felídeos
que se agasalhavam em flores noturnamente,
flores que eu sempre plasmava na esperança minguante
de ver um anjo triste me acenar com suas mãos pardas,
não sei se fui contagiado para caminhar
pelos ermos jardins
sob um canto lisonjeiro de pequenas aves astutas
que não dormitavam nem com o clamor
das estrelas pretas
perdidas entre nuvens sombrosas,
não sei do trem que corre à noite sempre te levando
para aquele tempo inculto em que eu nunca poderei estar...

Nelson Magalhães Filho


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segunda-feira, outubro 20, 2008

domingo, outubro 19, 2008

RUTE ROCHA

Rute Rocha. SONHOS. Aquarela s/papel

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JACI MATTOS


Jaci Mattos. Quadra 3 - Mista s/"Duratex" 50X60 cm

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sexta-feira, outubro 17, 2008

JANI SAULT

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RENER RAMA
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PAIM

Fernão Paim mora e trabalha em Salvador, Bahia, onde nasceu em 1968. Em 1974, com a idade de 6 anos, participa do Concurso Infantil de Desenho, promovido pela TV Itapoan, quando tira o 1° lugar. A partir de então se envolve cada vez mais com desenho e pintura, descobre então a HQ e a literatura. Entra para a Escola de Belas Artes da UFBA em 1994, onde se forma em Artes Visuais em 2000. Passa a fazer ilustrações e trabalha como designer freelancer até 2004, quando decide dedicar-se exclusivamente às artes visuais. Desde então, estimulado por uma cena contemporânea de cruzamento de diversas correntes de fazer artístico se dedica ao design gráfico, desenho, infogravuras, pintura e fotografia. Atualmente vem desenvolvendo uma pesquisa visual focada na relação entre os diferentes elementos que compõem a cena pop contemporânea como arte gráfica, graffiti e webdesign.
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quinta-feira, outubro 16, 2008

DEVARNIER HEMBADOOM





Devarnier Hembadoom. Pinturas em técnica mista s/lona

Meu amigo Devarnier em breve estará com seu blog no ar. O cara, além de músico (vocalista da banda Inominável), é um dos mais criativos e talentosos artistas contemporâneos do país. Atualmente cursa o Mestrado em Artes Visuais pela Escola de Belas Artes da UFBA.

quarta-feira, outubro 15, 2008

terça-feira, outubro 14, 2008



Auditório do Instituto Cervantes

Dia 16 de outubro às 19:30 h

segunda-feira, outubro 13, 2008

sábado, outubro 04, 2008

Fundação Gregório de Mattos apresenta
Exposição a céu aberto
Cosme e Damião sob novos olhares
Campo Grande - Salvador - Ba

Nesta quarta-feira 08 de outubro
Às 20:00 h, na Sala Walter da Silveira (Biblioteca Central dos Barris)
Gabriel Lopes Pontes e Tau Tourinho
Estarão lançando o curta documental:
INCARCÂNU A TIORTINA.

sexta-feira, outubro 03, 2008

Nelson Magalhães Filho. ANJOS SOBRE O RECÔNCAVO 2008. Acrílica s/tela, 80X70 cm

Ponho um CD de Lou Reed no aparelho,
talvez fosse a música kill your sons, e o dia já foi arrastado
pela lagarta de pedra das tardes
encharcadas de tédio.
Da janela o muro de lírios com suas borboletas vermelhas
inebriando meu olhar
como um pedaço de céu inefável despenca
suas aves cheias de saudades de você.
Eu sempre gostei de seus olhos imprecisos
de seus amores vãos quando a noite medra
e traz beijos obscuros, até vagalumes me transpassam
como é atroz o esquecimento.

Nelson Magalhães Filho
Egon Schiele. EROS, 1911. Guache, aquarela e crayon. 55,9X45,7 cm.

pétalas de rosa no seu rosto
sonos desmanchados como um despejo de estrelas
e teu olhar viscoso sobre o nada desesperado
da paisagem frugal
acenando para miragens-labaredas
titubeante sabor cor de sangue
incendeia meu pau.
Nelson Magalhães Filho
Charles Bukowski, Bluebird


O Bluebird
Charles Bukowski

em meu coração tem um pássaro
que quer sair
mas eu sou mais forte que ele,
eu falo, fica aí dentro, eu não vou
deixar ninguém
te ver.
em meu coração tem um pássaro
que quer sair
mas eu taco uísque nele e respiro
fumaça de cigarro
e as putas e os barmen
e as caixas do mercado
nunca sabem que
ele está
aqui dentro.
em meu coração tem um pássaro
que quer sair
mas eu sou mais forte que ele,
eu falo,
fica na tua, você quer me pôr
em apuros?
você quer sacanear com minha
obra?
detonar com minha venda de livros na
Europa?
em meu coração tem um pássaro
que quer sair
mas eu sou mais esperto, só deixo ele sair
de noite às vezes
quando todos estão dormindo.
eu falo, sei que você está aí,
então não fique
triste.
daí o ponho de volta,
mas ele ainda canta um pouco
aqui dentro, eu não o deixei morrer
totalmente
e a gente dorme junto desse
jeito
com nosso
pacto secreto
e é bem capaz de
fazer um homem
chorar, mas eu não
choro, você
chora?

(tradução de Fernando Koproski, incluído em Essa loucura roubada que não desejo a ninguém a não ser a mim mesmo amém (7 letras, 2005).

quarta-feira, outubro 01, 2008

ANDRÉ LAWS

Passeio noturno na Vila da Sombra - 2004
Óleo s/tela, 60X40 cm

VEJA AQUI:
http://andrelaws.blogspot.com/